Deu-se à luz ontem o depoimento de Sergio Moro realizado no último dia 2 à Polícia Federal de Curitiba (leia a íntegra aqui). A oitiva se deu no âmbito do Inq 4.831, no âmbito do STF, que investiga acusações do ex-ministro contra o presidente da República Jair Bolsonaro.
Segundo Sergio Moro, sua saída do Executivo se deu por não aceitar interferência política do chefe do Executivo na Polícia Federal.
Em seu depoimento, Moro corrobora as acusações, e diz que tem várias provas neste sentido.
Uma delas seria gravação, feita pelo Planalto, de uma reunião entre ministros de Estado no último dia 22. Segundo Sergio Moro, no encontro Bolsonaro diz que interferiria em todos os ministérios e que faria substituição na cúpula da PF se não pudesse trocar o superintendente da PF no Rio.
Acerca desta declaração, ministro Celso de Mello deu 72 horas para o planalto apresentar as gravações. A ordem do decano também obriga o governo a preservar a integridade do conteúdo da gravação e impedir que ele seja modificado.
Novos depoimentos
Moro ainda diz que novos depoimentos com pessoas ligadas à PF, incluindo o exonerado Valeixo, poderão confirmar o histórico de pressões para a troca da superintendência do Rio.
As novas diligências foram solicitadas no inquérito pela PGR e também foram autorizadas pelo ministro Celso de Mello.
Deverão ser ouvidos, além de pessoas ligadas à Polícia Federal, os ministros de Estado Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo), Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional da Presidência), e Walter Souza Braga Netto (Casa Civil), e a deputada Carla Zambelli.
Veracidade das assinaturas
Outra diligência autorizada é a obtenção de comprovantes de autoria e integridade das assinaturas digitais no decreto de exoneração de Valeixo do cargo de diretor-geral da Polícia Federal, publicada no Diário Oficial da União em 23/4, além de eventual documento com pedido de exoneração encaminhado por Valeixo ao presidente.
Segundo Moro, ele não assinou a exoneração. O feito, por sua vez, foi publicado com sua assinatura eletrônica.
“Apenas uma”
Em trecho que chama atenção no depoimento do ex-juiz, Moro diz que recebeu mensagem do presidente com o seguinte teor: “Moro, você tem 27 superintendências. Eu quero apenas uma – a do Rio de Janeiro.” A mensagem, por sua vez, ainda não veio a lume.
Outra mensagem apresentada por Moro, por sua vez, parece já estar com sua veracidade comprovada: ao falar ontem com jornalistas, Bolsonaro mostrou em seu celular troca de conversas com Moro sob a tentativa de contestar o que disse o ex-ministro sobre sua interferência na PF. Mas o teor é idêntico, e comprova que o presidente, após enviar reportagem com o título “PF na cola de 10 a 12 deputados bolsonaristas”, diz em seguida, “Mais um motivo para a troca”.
Leia a íntegra do depoimento, clique aqui.